terça-feira, 26 de agosto de 2008

10.08.08
















Acordo de novo com a sensação de que é muito tarde, embora ainda não sejam 8h.
Olho para o chão. Acho que dizimámos um ecossistema! O facto de a casa ainda estar em construção tem a particularidade de o tecto ainda não estar isolado, funcionando assim como porta de entrada para todo o tipo de bichos.
Tomamos o pequeno-almoço (refeição que nunca me ocorreu compor de ovos mexidos, arroz e feijão) e arrancamos para o conservatório de borboletas.

Aí, entramos numas estufas que mais parecem florestas encantadas dos contos de fadas, com borboletas do tamanho de pássaros de todas as cores a rasarem-nos as cabeças em vôos ondulantes. A G. conta-me a sua teoria de que as borboletas são as modelos dos insectos: uma pessoa vê uma barata e mata, vê uma borboleta e espanta-se. "É injusto!", diz. Que risada!

Saímos de uma caminhada num trilho de floresta chuvosa e vamos à procura de outro sendero (caminho). Falaram-nos no sendero del volcano. Uma caminhada de cerca de 40 min. para chegar a um dos pontos mais perto do rio de lava que escorre na encosta do vulcão. Sentamo-nos a pensar no que faríamos se entrasse subitamente em erupção...
Voltamos, porque combinámos ir de cavalo a uma catarata. Fomos ao encontro do Rafa, dono dos cavalos (o Texano para mim, o Mouro para a G.). Arrancamos sabendo que temos um longo caminho pela frente.
Nada nem ninguém nos preparou para isto. Caminhos escarpados invisíveis ao longe no meio de montanhas "à la" Senhor dos Anéis. Os cavalos movem-se com confiança de locais em sítios onde duvido que conseguisse passar a pé. Adorava que existissem palavras para descrever isto melhor ou que eu as conhecesse, mas é o melhor que sei.
Largamos os cavalos e continuamos a pé, por entre uma floresta que se abate sobre nós à passagem, com vegetação a disputar connosco cada partícula de oxigénio. Certas folhas são maiores do que um guarda-chuva. Continuamos a andar por caminhos escorregadios e enlameados. Caio, levanto-me, continuo. Já devemos andar há cerca de meia hora, quando ouvimos um barulho ensurdecedor de água.
Após contornar uma esquina da montanha, vemos uma cascata com mais de 20 metros mesmo ao pé de nós! Continuamos a descer, atravessamos o rio a cerca de 5 mts da queda. A força de Natureza é, neste momento, avassaladora! Não se pode chegar muito perto, sob pena de sermos arrastadas mas os salpicos são suficientes para nos dar um banho completo.

Ok, para baixo todos os santos ajudam, mas para cima... A subida a pique por uma encosta enlameada que desci em meia hora deixa-me exausta. Mas o passeio de mais de 2h de cavalo e 1h a pé valeu a pena, não só pela cascata, como pelo passeio em si.

O nosso guia Rafa é nascido e criado nestas paragens, baixo, moreno, fala rápido, anda muito a cavalo. Tem cerca de 40 anos e é dono da finca onde fica a catarata, tendo o filho como ajudante na organização de passeios.

Voltamos e a paisagem é de cortar a respiração a qualquer um: prepara-se a chuvada diária e toda a Natureza se une para a receber. Os pássaros fazem-se ouvir bem alto, as árvores exalam um cheiro mais forte, por todo o lado desce aquela bruma pesada que dá um ar de mistério à realidade já de si surreal.

Somos acompanhadas no regresso por escoltas de pirilampos, bicho que já não via desde pequena na quinta dos meus avós.
O Rafa conta-nos que que quando era pequeno o que mais queria era um relógio com mostrador iluminado - à falta de dinheiro apanhava pirilampos e encostava-os ao mostrador para impressionar as miúdas!

Vamos ao único bar/restaurante/café do sítio e oferecemos uma cerveja ao Rafa - já não há imperial, agora só para a semana, então pode ser Pilsen. Aparece um casal de reformados holandeses boa onda e mete conversa connosco - viu-nos a passar durante a tarde a cavalo.

O esforço do dia combinado com a atmosfera esmagadoramente húmida, o facto de não comer há demasiadas horas e ter acabado de beber uma garrafa de cerveja (aqui, uns meros 35cl), vira-se tudo contra mim sob a forma de uma antecipada quebra de tensão.
Saio dali, pois sei que se não começar a andar rápido, caio no chão. Felizmente, foi a tempo.
Vamos para o quarto, todas partidas tomar um desejado banho. Jantar rápido e prontas para dormir, descubrimos que o hóspede de hoje é uma barata (mutante como todos os bichos e bichezas por aqui). desta vez a solução é tapá-la com um copo e o Glenn que lide com ela.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

09.08.08




Acordamos cedo, mas tarde para a Costa Rica. Agora sim, vou conhecer melhor a D. Maria. Uma simpatia de senhora. Pergunta-nos se queremos comer. Sim, queremos. Faz-nos ovos mexidos com bacon e tortilhas. Convido-a a sentar-se connosco.

Passamos um bom bocado a falar, fala-nos de uma agência de carros mais barata. Sentimo-nos mal já que nos comprometemos com o Jorge (que nos deu boleia ontem do aeroporto), mas o dinheiro aqui conta-se em estadias em sítios novos em mais sítios para visitar.

Ligo para o aeroporto, encontraram a minha mala.
Alugamos um Suzuki Jimny que apelidamos de Pavones - "JIMNY PAVONES" ao nosso dispor.
Vamos ao aeroporto, apanho a mala e seguimos para o Arenal. "3.30h", dizem-nos. A ver vamos.

Ao longo da viagem literalmente pelo meio da montanha, o que mais nos espanta são os pequenos botecos (aqui "Sodas") à beira da estrada cheias de pessoas sem carros à vista. Virão do mato?

Vários homens sentados à porta de casa seguem-nos com o olhar. Vemos putos a jogar à bola em campos mais verdes do que nunca. Sente-se um cheiro estranho, persistente. Interrogamo-nos sobre o que será. Faz-se luz... é clorofila da vegetação!

Continuamos a subida até vê-lo, em todo o seu esplendor. O vulcão Arenal ainda activo proporciona espectáculos de fogo de artifício todas as noites. Quase todas. Duvido que hoje seja uma dessas noites. Tem um capacete de nuvens que lhe dá um estranho aspecto de bomba atómica.

Temos ainda uns quantos kms de para percorrer numa estrada de terra batida que só lá vai com tracção às 4. Não se vê mais ninguém na estrada, a noite está a cair e não há redes de telemóvel. É bom que as indicações estejam certas. Também não há grandes alternativas para além do caminho de cabras que percorremos.
Atravessamos uma ponte mínima e vemos 1 sinal de 1 escola. Eram os nossos pontos de referência, embora nos tenham mencionado a ponte como "entrance to town". Parto-me a rir com estes gajos!

O único sítio que arranjámos para dormir é uma casa em construção que pertence a um tal de Glenn, que também é dono do observatório de borboletas. Um tipo que, concordámos, anda claramente on the run de qualquer coisa. Aquele género que é extra simpático mas não olha as pessoas nos olhos.
Tomámos banho e saímos para comer. A quantidade de pirilampos é inacreditável! A quantidade de todos os bichos, aliás, que aqui parecem mutantes!

A G. tenta expulsar 1 ser do tamanho do meu polegar, que concluímos ser o bastardo de uma barata e de uma aranha, gritando-lhe: "Sai daqui! O quarto é meu!" Estranhamente não foi bem sucedida...
Voltamos do jantar e quinamos, sem pensar mais nos bichos.

domingo, 24 de agosto de 2008

08.08.08

O dia mais longo de sempre...
Começou muito antes das 6 horas a que acordei para ir para o aeroporto. Começou meses antes!

Tudo arrumado, conseguimos (2 raparigas!) a proeza de viajar com 2 mochilas relativamente pequenas, suficientemente pequenas para poderem passar no escrutínio das bagagens de mão. Ainda assim os senhores da American Airlines aconselharam-nos a despachar a bagagem. Nós acedemos. ERRO!

Lisboa - Londres - Dallas - San Jose


Perdi a contagem das horas algures sobre o Atlântico. À custa de fusos horários este dia teve 31 horas! Das quais só dormimos cerca de 2.
Suspirei de alívio quando finalmente caiu a noite.
Longe, muito longe ficou o trabalho, família, Algarve, assaltos ao BES e correspondentes debates sobre a escalada da violência, talk shows, directas, curtas adaptações para cinema e teatro. Até os jogos olímpicos não tiveram lugar no meu dia 8 do 8 de 2008 - todo ele passado dentro de um avião.

Chegámos a San José às 9.30h (hora local), 4.30h (hora de Portugal). Encaminhámo-nos em modo zombie para a lagarta cuspideira de malas. Vemos a mochila da G., da minha nem sinal. As pessoas dispersam, as malas acabam de girar e a minha nem vê-la.
Balcão da AA, reclamo (mais comigo, por ter despachado a mala do que com o senhor, coitado. Já viram bem o seu trabalho? Receber constantes reclamações de pessoas que, na maioria das vezes, não falam a sua língua). Dizem-me que não sabem, em que morada estou (não tenho hotel marcado), prometem que me ligam para o telemóvel quando a mala chegar, não acredito totalmente.
Parece que os senhores da AA acharam boa ideia mandar a minha mala para Miami. Ora, tendo em conta que estou na Costa Rica dá um jeitão!
Consigo cravar um kit necessaire e bazamos. Já tou tão habituada a que isto me aconteça que começo imediatamente a fazer contas a quanto dinheiro vão ter de me dar.
Vamos aos rent-a-car. Logo no 1º balcão dois homens chamam-me. Vou, faço sinal à G. para ir a outro.
Os meus fazem melhor preço e oferecem-se para para nos levar a um hostal ali perto (decidimos ficar em Alajuela - localização do aeroporto a cerca de 20 km da capital - por causa da minha mala). Aceitamos.
Somos recebidas pela D. Maria (um doce de senhora, apesar do meu cansaço). O facto de não ter mala revela-se uma vantagem já que não sinto o mínimo remorso de me atirar tal qual estou para cima da cama.

CHEGUEI!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

terça-feira, 5 de agosto de 2008

segunda-feira, 4 de agosto de 2008