Olho pela janela à minha direita, viro costas a computadores, PDAs, emails e clientes e sento-me numa das folhas daquela árvore. Não é a mais verde, nem a maior, nem a mais bonita. É aquela! A que me chamou a atenção. Será que fui eu que a escolhi ou foi o inverso? Não sei, mas por coincidência (ou não) foi exactamente essa folha o alvo da união dos ventos Suão, Alísios e Sirocco que deliberaram por unanimidade exercer os seus poderes de levitação e levá-la a ver novas paragens. E a mim, por arrasto. Sentada no meu tapede voador orgânico, vi desfilar à minha frente toda a costa alentejana, vislumbrei a Mauritânia ao longe e, sem conseguir precisar em que momento, perdi contacto com terra. Vagueei por tempo indefinido sobre mar, de onde me acenaram todos os seres que aí habitam. Vislumbrei um ponto ao longe e ouvi uma salsa, um segundo depois estava acima de Cuba e já me interrogava onde iria parar. A minha folha de árvore arrancada posicionou-se debaixo de uma "estrada de nuvens" (como fazem os planadores para andar mais depressa) e seguiu viagem para a Jamaica. Finalmente começou a perder altitude, depositou-me gentilmente em San Jose, Costa Rica e seguiu caminho para a Nicarágua.
Snap!
Acordei de volta no escritório e fui à net comprar um bilhete de avião.
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