terça-feira, 2 de abril de 2013

Vai

Vai agora... que já é tarde.
Vai agora... que as horas são já desoras e nós não usamos relógios.
Vai agora... que os barcos já voltaram e a lota terminou.
Vai agora... que já lançamos sombras no chão.
Vai agora... ou o tempo ainda se esquece de perguntar ao tempo quanto tempo o tempo tem.
Vai agora... ou eu afundo-me no poço dos teus olhos e ombros e não consigo de lá sair.
Vai agora... e não olhes para trás, ou nesse olhar pode passar a eternidade e a eternidade assusta-nos.
Vai agora... antes que nos arruinemos um ao outro e não reste nada de nós.
Vai agora... porque vivemos numa realidade paralela e não tarda essa torna-se a realidade e esta a paralela.
Vai agora... antes que eu te prenda e eu não sei fazer nós.
Vai agora...



quarta-feira, 27 de março de 2013

Depois da curva

© Atrás da Lua


Conheço esta sensação desde que me conheço. A de sentir um impulso incontrolável, uma vontade indescritível, em inglês "urge", de ver o que se esconde depois de uma curva. De uma esquina. Do outro lado do tempo. E da razão.

Até hoje sempre foi irresistível. Possivelmente nunca deixará de ser. Por isso vou-me deixando ir... De esquina em esquina... de curva em curva... tentando nunca perder a maravilhosa capacidade de me surpreender.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Medo de lugares fechados

Escolheste-me na multidão.
Arrancaste-me à claustrofobia das gentes
Pernas, braços, vozes e uma mão.
E assim, em sussurro e devagar
Para não me sufocar
Amaste-me.
Tornaste-me infinita
Uma e outra e ainda outra vez mais.
Quando terminaste
Lançaste-me às ondas
E não me devolveste à multidão.
E então senti-me amada.
Tornei-me infinita.
Uma e outra e ainda outra vez mais.

Mais amada do que nunca, mais livre do que sempre.

Atrás da Lua

terça-feira, 12 de março de 2013

Status update

Ando a ouvir isto:
http://vimeo.com/4368973

Ando a ler isto:












Ando a ver isto:

http://www.imdb.com/title/tt1659337/

Devagar, devagarinho

Tenho voltado aqui. Volto sempre aqui. Não consigo explicar este apego. Mas não consigo desfazer-me deste blog. Já ouve altura em que me irritou a exposição. E senti que precisava de um tempo para que algumas pessoas se esquecessem de que escrevo aqui. Não todas as pessoas. Algumas pessoas. Mas agora vai-me fazendo sentido voltar. Porque ainda tenho tanto para dizer.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Declarações


Entristece-me viver num mundo onde, no google, "declarações electrónicas" (aka site das finanças) surge antes de "declarações de amor".

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Aprende que eu não duro sempre

Em conversa com a filha de 3 anos de uma amiga, que se delicia com os meus batons, vernizes, etc.

Ela: O teu cabelo é bonito.
Eu: Obrigada! O teu também.
Ela: Já tiveste algum namorado?
Eu: Já. E tu? Tens namorado?
Ela: (envergonhada) Nãaooo... Ainda não.
(pausa longa)
Ela: Então poque é que já não tens namorado?
Eu: Sabes... Os homens sentem-se intimidados quando são desejados mas não necessários.
(silêncio e uns olhos esbugalhados a olhar para mim)
:)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Uncontrollable urge

Não consigo explicar. Porque não vim aqui tanto tempo. Talvez porque já me sentisse demasiado exposta aqui. Demasiado lida. Eu sei! O paradoxo - se não quisesse que ninguém lesse escrevia em papel, certo? Mas há algo de mágico e inexplicável em lançar palavras para o universo cibernético. Como escrever uma mensagem num papel, pô-lo numa garrafa e lançá-lo ao mar. É o que isto é. Centenas de mensagens escritas num papel, enfiadas em garrafas e lançadas ao universo. E agora preciso disso. De novo. Senti uma urgência incontrolável de vir aqui. E assim fiz. Ainda bem que o fiz. É tudo. Por agora.