segunda-feira, 27 de abril de 2009

Stacey Kent

É um nome que encerra muito mais do que a soma das suas letras. Quem tiver curiosidade, pode informar-se aqui. Sexta-feira tive uma noite tão diferente das demais, quanto a Stacey Kent é diferente da maioria. Não sei se foi do espaço (Museu do Oriente), não sei se foi por já não ir a um concerto de jazz há uns tempos, não sei se foi da companhia, ou talvez do facto de haver uma química incrível no palco (fiquei a saber que o saxofonista Jim Tomlinson encontrou na Stacey a sua musa, passando a compor para ela, a tocar com ela. Também se casou com ela. Já lá vão 18 anos.), não sei o que foi, não que importe. Foi excelente!

Também pode ter sido um pouco por causa da conversa. Estas nossas conversas são uma experiência um bocado desconcertante. Um bocado como não resistir a tocar na cera líquida da vela, sabendo de antemão que me vou queimar. Não vou aqui partilhar conteúdos (isso representava nova queimadura), mas dou a conclusão.
Tenho para mim que there's more to Matrix than meets the eye... Não me refiro ao Keanu Reeves, dispenso. Nem tão pouco à banda sonora (ainda que ache o "Clubbed to Death" uma música brutal).

Refiro-me à ideia de que a grande maioria das pessoas vive, ou melhor passa pela vida, como marionetas. Todas as acções provocadas/condicionadas por fios. O fio do standard, o do conservadorismo, o do que os pais esperam delas e por aí fora. Fios perigosos e ao mesmo tempo inócuos pelo mesmo motivo. Porque são invisíveis. Perigosos para quem os descobre, inócuos para quem não.

Acho que padecemos do mesmo mal, conseguimos ver os fios. Sabemos que podemos ter o sonho do Pinóquio, mas sabemos o que implica tornarmo-nos "pessoas de verdade". Pesamos os prós e contras com uma frequência e de uma forma que a maioria nunca sequer ponderou, simplesmente porque nada disto lhes passa pela cabeça. É esse o perigo. É por isso que temos cuidado um com o outro. É desse abismo que fugimos. Porque partir, no nosso caso está à distância de uma tesoura. O que fazer? Devemos abandonar completamente os sonhos? Pessoa disse: Alguns têm na vida um grande sonho e faltam a esse sonho. Outros não têm na vida nenhum sonho, e faltam a esse também. Afinal, é uma sorte ou uma maldição nossa? Não tenho resposta... Não sei se alguma vez terei. Mas sem dúvida que não estou disposta a fingir completamente que não vejo os fios. E dou por mim a pensar que se Ícaro tivesse amarrado uma corda ao pé, teria voado sem cair.

1 comentário:

White Chocolate disse...

You did it again!!! :)

Thks. Bjinho