quarta-feira, 16 de maio de 2007

Qual Superman...

Li hoje num post num blog "amigo" que as pessoas especiais acabam por ter grandes problemas por serem as únicas que têm capacidade para os ultrapassar e inevitavelmente lembrei-me de ti.

Que outro motivo haveria para te terem diagnosticado um tumor aos 15 anos?!

Nunca me esquecerei (talvez pela qualidade de "mana" mais velha) da descarga eléctrica que a notícia me provocou, da incredulidade do pai, do desespero da mãe, do silêncio do Diogo. Lembro-me de ter pensado, na minha racionalidade intrínseca: "ok. 1º biopsia, depois logo se vê..." Senti o peso de uma responsabilidade até então desconhecida. A de aparentar força (geralmente é verdadeira) e não conseguir afastar o temível "E se?..." Mas procurei forças em ti, que sempre foste dotado da calma herdada do pai (e gosto de pensar que de mim também) e beneficiei do facto de seres irmão e não filho. A última coisa que precisavas era de outra pessoa a stressar...
Lembro-me de passares por mim no corredor de Sta. Maria na maca acabadinho de acordar da anestesia da operação e admirar-te como nunca admirei ninguém. "Que orgulho! É o meu irmão mais novo!"
Chorei uma carta por todas as lágrimas que não derramei e deixei-ta debaixo da almofada na primeira noite que passaste internado. Foi um momento tão frágil em mim que não me lembro do que escrevi. Lembro-me só do sms onde dizias: "Obg mana. Foi a primeira vez que chorei desde que soube que tinha isto. Gosto mto de ti." Pois... Também eu.
Lembro-me de, depois de tudo passar, te mudar carinhosamente os pensos e pôr cremes para não ficarem cicatrizes muito grandes (como as prioridades se ajustam!).

Hoje, não lerás isto.
Hoje, és feliz com os teus amigos, com as tuas cenas onde não tenho (nem tenho de ter) um lugar reservado. Ainda assim não esqueço que...
Hoje, sei que és Grande! Muito maior do que alguma vez serei...

[a todos os meus leitores assíduos as minhas desculpas, mas este não admite comments.]