terça-feira, 27 de novembro de 2007

Geração fora do tempo

Cada época, assim definida pela agitação (ou calmaria) política, pelos costumes, pelos filmes, pela música, pelos ídolos... produz uma geração com traços e características que identificam os seus elementos entre si e os distinguem dos restantes.
Na senda das gerações rasca, X, Z... acho que identifiquei uma nova: a geração fora do tempo.
É composta pelas pessoas que andam agora pela casa dos 50 e, em pinceladas largas, identificam-se da(s) seguinte(s) maneira(s): viveram a juventude na época confusa e de excessos do pré e pós 25 de Abril, casaram todos muito novos (quase imberbes), por exemplo os meus pais aos 21 anos! o que era bilhete de ida para sair de casa dos pais, com 22-25 já mudavam fraldas, afastavam-se dos amigos individuais em prol dos "amigos da família"... resumindo, a maioria nunca esteve sozinho! Saltaram sem passar pela casa de partida (e receber os 2.000$) de uma família onde eram os filhos, para outra onde eram os pais. Consequentemente, habituaram-se a depender da instituição família para tudo!
Não sei se sou eu (mas ao falar com amigos sobre isto chego à conclusão que não) mas tenho a sensação de que os meus pais passaram de ser filhos dos meus avós para meus filhos! Senão, como se explica que eu dedique mais tempo a resolver os problemas deles (que convenientemente, brotam do chão das suas existências como cogumelos) do que a resolver os meus??!!!
Aliás, nem sei se "problemas" é a expressão adequada, pois a maioria deles não o são. É o convite que não receberam e "é indecente, não achas?", é o telefonema que a amiga não fez e "agora também não vou dizer nada, mas fiquei chateada!" (ao que eu respondo do auge da minha simplicidade: "Mas porque é que não telefona e diz isso mesmo, para resolver as coisas?", devendo saber de antemão que a resposta seria: "Achas que sim??!!! Agora não quero saber! Há-de precisar e não estou cá..."), é a constante e repetitiva crítica recalcada: "És uma ingrata! Fazemos tudo por vocês e vocês são incapazes de fazer o que quer que seja por nós!" (o que demontra a política que rege as suas vidas do "toma lá, dá cá"), é a resposta pronta ("Nada!") à questão "Passa-se alguma coisa?", sendo que são automaticamente denunciados pelo beicinho de amuo...
Crianças! É o que parecem! E eu sou muito nova para ter filhos...

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