terça-feira, 30 de setembro de 2008
domingo, 21 de setembro de 2008
Deambulações da mente sobre as do coração
domingo, 14 de setembro de 2008
Miúda,
No princípio, mesmo no princípio referi-te aqui. Depois descobri todo um novo mundo à tua custa. Ainda assim, nunca falei com a propriedade de agora. Sabes, é que nestas coisas de gravidezes eu sou tipo gajo - só lá para o final dos 7/8 meses é que a coisa começa a ganhar proporção real.
Hoje, que fui acordada com a sms da tua mãe a dizer que ia para o hospital, isto ganhou importância acrescida. Já não és uma imagem distante por meses. Provavelmente (se fores porreira e não fizeres a tua mãe, que digo-te já: Não merece, ouviste?!, passar um mau bocado), logo à noite já te vemos. Umas pegar-te-ão ao colo. Eu confesso que tenho medo de bébés do teu tamanho, mas prometo que vou tentar.
Na maior lotaria da vida, calhou-te uma ganda família, miúda! E também levas umas "tias" porreiras. Garanto-te que entres nós as 4 andarás sempre muita bem vestida, saberás cozinhar iguarias complicadas com 3 anos, terás amigas para brincar, para tomar conta de ti. Já avisei as tuas "tias" e mãe que entro com: brincadeiras na praia e afins, noite, leituras, viagens e música. Imagino que este leque se vá alargando conforme me for habituando a ti.
Ah, é verdade! Ainda não te falei da tua avó. Ela aturou-nos muita coisa, sabes? Agora assim de repente, lembrei-me do Benzina (depois explico-te o que era, puki) Para ti, melhor! Não te esqueças de um dia nos agradecer por já termos desbravado caminho!
Importante é que saibas que tens sempre alguém a quem recorrer sempre. Em todas as situações (acredita, miúda, por mais que te esforces durante a adolescência, duvido que me choques. E se eu própria me esquecer disto, ou fingir que o esqueci, não te ensaies em relembrar-me), sejam problemas de que ordem forem.
Se calhar já ouve melhores alturas para se nascer, mas de certeza que também já houve piores. Ou então, sou eu que estou bem disposta e ainda não li as notícias hoje. Lembro-me de há uns anos, o meu pai receber no dia de anos, de um amigo, a 1ª página do D.N. do dia em que nasceu, emoldurada. Isto implicava ir ao edifício do D.N. (é ali ao pé do Marquês de Pombal, depois mostro-te), mais concretamente ao arquivo procurar uma página com 20, 30, ou 50 anos! Para te facilitar o trabalho, já guardei a tua (mais um motivo para te despachares e nasceres hoje). Vou guardar também o Record, o Diário Económico e o Público. Daqui a uns anos podes ter a tua própria opinião sobre a 1ª linha deste parágrafo, boa?
Já me estão a acusar de manipular-te só para mim, e mai não sei quê... Já não pode uma pessoa dar uns conselhos, e tal?! Há muitas mais coisas que te queria dizer, muitos mais avisos a fazer, muitas novidades a contar, mas fica para depois.
Pronto, agora que já te roubei tempo suficiente, vai lá à tua Vida...
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
15.08.08
Mãe e Pai, desta vez é amor, a sério!
O outdoor do Scirocco ao pé de minha casa diz: "Porta-te bem". Deve ser psicologia invertida porque ao olhar para ele apetece-me tudo menos isso...
Fay, Gustav, Ike?
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Coisinhas boas para fazer em Lisboa
Cartaz aqui.
domingo, 7 de setembro de 2008
14.08.08
O colectivo é efemismo para autocarro, pois trata-se de uma camioneta de transporte de animais, cuja única diferença é ter um banco corrido em cada lado. Arranca para uma viagem de 2.30 h pela estrada mais esburada onde já andámos.
Tudo tratado, arrancamos para a 1ª etapa: 3.5km pela praia, debaixo de um sol escaldante e carregadas até à estação Leona, onde nos espera o Abraham.
Arrancamos. Passados uns metros, somos rodeados por um bando de macacos "cara-branca" (como dizia o guia), com um ar muito pouco amigável. Ia disparar umas fotos mas o ar calmo com que o Abraham diz: "Vêem como eles estão de boca aberta e com as patas ao lado do corpo? Isso é a posição de ataque.", dissuade-me.
Apressamos o passo. Durante horas atravessamos selva por senderos por vezes imperceptíveis ao olho destreinado (agradeço mentalmente ao tipo que me convenceu a trazer um guia). Vemos as 4 espécies de macacos a balouçarem-se nas copas das árvores: titi-titi, congo (uivador), aranha e os maus-em-posição-de-ataque; todas as espécies possíveis de pássaros, papa-formigas, um tapir enorme a alimentar-se perto da praia.
Quase como se fosse de propósito quando nos cansamos de subir e descer encostas enlameadas no meio da vegetação, o caminho passa a ser feito pela praia, com o mar ali a gozar-nos enquanto afundamos os ténis na areia escaldante, ao ponto de ansiarmos por bosque de novo, o que acontece, mais tarde ou mais cedo. A profusão de plantas e a sua variedade é incrível. Olho para cima, vejo uma cidade feita de árvores de 20, 30, 50 mts de altura, povoada de vida. Sinto-me uma outsider aqui. Tudo isto existe há milhares de anos e assim continuará (esperemos) depois de eu morrer, sou só uma passageira temporária e não pertenço aqui (esta sensação de que os humanos não pertencem aqui acompanha-me todo o percurso). Sinto-me constantemente observada, não tenho dúvidas de que a minha presença (quem sabe invasão) é notada. No entanto, tudo disso não invalida o facto de me sentir de certa maneira em casa, sentir que não preciso de nada para além das poucas coisas que tenho comigo.
À frente, a puxar por nós está o Abraham, depois a G., no fim, mais para trás, eu. Penso nos jogos olímpicos que adoro e dos quais ainda não vi nada, penso em como eu daria uma uma péssima corredora de 100 mts e uma atleta de maratona razoável. Prefiro manter-me um pouco distanciada e ao meu próprio ritmo, perdida nos meus pensamentos, sentindo que ainda tenho em mim energia para continuar horas e horas.
O nosso guia Abraham, nascido e criado em Carate, tico até ao tutano, 34 anos, corte de cabelo a fazer lembrar o mau gosto que assolou as camadas futebolísticas portuguesas na década de 90, leva uma mochila pequena, 1/2lt de água, uma t-shirt e calções, uma galochas com meias até ao joelho (que dão 10 a zero aos nossos kits ténis + havaianas para travessia de rios), move-se com a destreza e facilidade que só vêm com a intimidade. Está no seu elemento. Foi caçador furtivo vários anos aqui no parque, antes de, há 12 anos (após uma pequena incursão no tráfico de drogas em Puerto Jimenez) ter dado uma volta completa na sua vida: deixou de fumar, de beber, de caçar e tornou-se guia.
O caminho torna-se cada vez mais penoso até porque, por causa das marés temos de subir de novo para dentro do bosque, pois a passagem pela praia está cortada. Finalmente o sendero desemboca na margem de 1 rio: o rio Grande. O nosso ponto de referência para "já estamos perto". Novamente o ritual de descalçar, tirar as meias, arregaçar calças, calçar havaianas. Novamente olho com inveja para as galochas do Abraham que espera por nós, pacientemente, entretendo-se a falar com os animais. É impressionante! Consegue imitar os sons de todos os animais e eles respondem-lhe criando um diálogo caricato.
Papa-formigas
Uma árvore com a alcunha La puerta de la iglesia