quinta-feira, 4 de setembro de 2008

13.08.08

Despertar às 6.00h, meter tudo no carro e arrancar. O plano era tomar o pequeno-almoço a Matapalo, mas a distância de 30 km em terra batida (e esburacada!) tira-nos a vontade.
Paramos numa soda à beira da estrada e pedimos galo-pinto (arroz e feijão) com ovos mexidos. Pedimos sumos e arrependemo-nos imediatamente após beber (leia-se quando vemos a mulher a sacar do jerricã com sumo de laranja de debaixo do balcão, agitar e servir o próximo cliente). Se a coisa corre mal pode pôr em risco a dormida na selva. Esperemos que não.
Grande parte do dia é passado a conduzir e a parar para ver praias. A primeira é Matapalo, onde somos as únicas pessoas. Faço um vídeo com ondas que me parecem perfeitas, mas também, não percebo nada disso.
Próxima paragem: Plaia Ballena. Um parque marítimo, onde se podem avistar baleias, golfinhos, etc. Conseguimos convencer o homem da entrada a pagar só 1 bilhete e corremos para o mar.
Rapidamente voltamos à estrada, ainda temos bastante caminho pela frente e temos de chegar rápido a Puerto Jimenez, onde temos de nos registar para poder ir ao Parque Nacional Corcovado - o principal objectivo da viagem - pois há um limite diário de visitantes.
A estrada ao largo do Golfito é perfeita: escavada na montanha, serpenteando por entre o verde com o Pacífico ao fundo.
Finalmente chegamos ao destino. Uma cidade que é pouco mais do que uma rua e que tem como principal função servir de base ao Parque. Perguntamos direcções para a Oficina de Área de Conservation de Osa (o tal sítio onde nos inscrevemos) e tal como temíamos (tínhamos telefonado da tal soda) dizem-nos que já não há lugar nos dorms. Passo a explicar: o Corcovado é descrito pela National Geographic como "the most biologically intense place on earth", possuindo 42.469 ha. A descrição do Lonely Planet, a minha vontade de fugir de tudo e de todos e, acima de tudo um email que recebi de uma pessoa que lá esteve (e quem muito respeito como viajante) que me pôs em contacto com muitos dos meus desejos e fragilidades, criaram em mim não só a determinação de lá ir, mas a certeza de que lá vou, custe o que custar.
O Corcovado tem uma estação biológica com um número limitado de quartos para os visitantes - uma vez que estamos a falar de uma caminhada de várias horas, acrescida do capricho das marés que tornam certas partes do percurso intransponíveis, é fisicamente impossível ir e vir no mesmo dia.
Assim, a declaração "Não há dormitórios disponíveis para amanha" não representou nem sequer um seixo no nosso caminho. Assim que a senhora acrescentou: "Só há lugar para tendas..." exclamámos "Queremos!". A senhora que, pacientemente nos explicou tudo, nos deu mapas, nos disse que tínhamos de levar a nossa própria comida, que tínhamos de ir ao banco pagar, etc. (a tudo anuímos); ia morrendo quando no final me saio com: "OK. Então e agora onde é que arranjamos 1 tenda?" Deve ter pensado que somos loucas a gozar com ela. Ainda assim, estou confiante de que vamos conseguir alugar, comprar ou pedir emprestada uma tenda.
Lá conseguimos que nos aluguem uma tenda, sem forro e bastante pequena. Tá feito! Nest stop: supermercado. Panrico, chocolates, queijo, goiabada, bolachas, atum e muuuittta água são os nossos mantimentos.
Próxima paragem: sítio para dormir em Puerto Jimenez esta noite e depois de amanhã (e onde nos guardem as mochilas grandes e o carro). Encontramos ao pé do banco as Cabinas Marcelina: quarto, casa de banho sítio para parar o carro, guardam-nos as mochilas. Perfeito! A velhota que nos atende pergunta-nos a nacionalidade, "Portuguesas!" respondemos. Ri-se e diz que está a ler um livro de um Português. "É assim um velhote que fala bem espanhol", "José Saramago?", "Isso". Não se lembra do título. Levanta-se a vai buscá-lo: Ensaio sobre a lucidez. Está a gostar muito e quase a acabar. Falamos-lhe no Ensaio sobre a cegueira (não conhecia). Não sei bem como dou por mim a falar sobre o CAFTA, suas vantagens e desvantagens. É uma crítica feroz. Fico impressionada com o nível de cultura.
Tratamos de mais alguns pormenores e vamos tomar banho. A G. vai primeiro e passado um bocado sai disparada da casa de banho porque uma barata decidiu fazer-lhe companhia no duche. Vou lá ver, lá está a bicheza a espernear de barriga para cima à minha espera. Já nem penso muito na coisa, há copos? porreiro! copo em cima da barata e nem penso mais no assunto.
Finalmente vamos jantar. Uma pratada de massa para cada uma em antecipação à míngua e ao esforço que nos esperam. Voltamos para o quarto e preparamos as mochilas pequenas com o mínimo indispensável: 1 muda de roupa, sabonete, um frasco de shampô pequeno, canivete, comida. Amarramos por fora os impermeáveis, sacos-cama e ainda encaixamos a tenda nas alças e...listo! Amanhã, alvorada às 5.00h






1 comentário:

El-Gee disse...

estou mt curioso em saber, penso que no proximo post, quais foram as tuas impressoes do corcovado.