sexta-feira, 13 de abril de 2007

E agora, uma colher de sopa de realidade

Olho à volta e percebo que chegámos à hora do "sim ou sopas". A maioria dos meus amigos estão (i) a casar-se, a planear casar, a viverem juntos, (ii) a acabar relações de anos em nome da liberdade ou a assistir impotentes a que os namorados/as acabem relações de anos (e de caminho com eles/as também), ou (iii) a tentarem-se convencer a si pps e ao parceiro/a que possível ter uma breve passagem pelo (ii) antes de enveredar pelo (i). E é, mas provavelmente não com a mesma pessoa. Eu, precoce (ou impulsiva) como de costume, já dei para o peditório da hipótese (ii) há mais de 2 anos. Ah! E não morri!

Tenho para mim que as pessoas cada vez se comprometem com menos coisas que impliquem um"transtorno", da mesma forma que uma mulher hoje em dia, em última análise e sem nenhum juízo de valor implícito, não tem de ser mãe para se sentir realizada. Pode ser mais feliz se o for, mas o seu papel na sociedade já não é só esse.

Passa-se o mesmo com as relações, os casais de hoje anulam-se mutuamente até ao "não te estou a incomodar, pois não?" et voilá! Transformam-se todos em casais sensaborões de mesas de café, de jantares de grupo, carregadinhos de estabilidade. E por acaso alguém quer estabilidade numa relação!!!???? Eu, estável, quero as minhas análises ao sangue e o ordenado. Que me falem em partilha, em companheirismo, isso já são outros quinhentos! Agora, estável, calminha, confortável? Para um dia ele se/eu me passar da marmita porque "caímos na rotina" ou "nunca fazemos nada de novo" e, como diz uma amiga minha decidir ir às Cláudias (ou aos Claúdios, conforme o caso)?

Não, para mim homem que responda com a frase "Tás louca?"/"Deixa-te de parvoíces!" a propostas de piqueniques de queijo e vinho na praia no inverno, jogar às escondidas ao sábado à tarde no Bairro Alto, combinar almoçar à costa da caparica e acabar no algarve a passar o fds, simular concertos de música em cima do carro à beira da estrada. Já fiz tudo isto (com pessoas diferentes, lá está!) e em todas as vezes fui feliz. Posso estar desadequada à época, mas ou é ou não é. Não gosto de "banhos-maria", sou cirurgiã nos sentimentos, com cortes clean, que não dão lugar a infecções. Não é força, nem frieza, nem tão pouco insensibilidade, mas antes uma honestidade crua para comigo própria. Enquanto gosto, estou lá a lutar para que dê certo sem me interrogar sequer se vai dar.

Para todos os meus amigos/as na primeira situação, sei que não é fácil, sendo até mais gráfica, é fodi**! Garanto-vos que vai haver dias em que a vida aparenta ser suportável e outros de abismo profundo, garanto-vos que durante algum tempo vão dar tudo por tudo para voltar ao que já não é, motivados pela "certeza" de que pode voltar a ser. Mas também vos garanto que o mundo vai continuar a girar e vocês vão continuar a viver e quiçá ser ainda mais felizes. Eu, perante a impotência de vos aliviar a dor ou sequer de percorrer esse longo caminho por vocês, só posso dizer que estou aqui (como sempre) para o que der e vier. Boa sorte!

3 comentários:

Jordan disse...

Ehehehehe
Estava a ler este texto e a lembrar-me da tua célebre frase:

«sabes? já nos estou a imaginar daqui a uns 15 anos, lindas e poderosas a tomar café no fonte nova, já com filhos dos primeiros casamentos e divorciadas dos nossos segundos maridos, a por a conversa em dia»

Imagem preocupante, mas nem por isso menos divertida, AHAHHAHA!

Será que alguma de nós vai casar "à primeira"? Ou vamos casar uma segunda e finalmente uma terceira (a tua visão não era explícita quanto ao terceiro casamento :P) até assentarmos?

Rita disse...

valente, estas na frente : ) tambem ja passei situaçao (ii) duas vezes e estou vivinha da silva. td em nome da luta contra essa estabilidd secante a q t referes. ; )

White Chocolate disse...

O post de hoje, dia 2 Dezembro 07:

Não tens nada que agradecer...foi sincero.

Ainda bem que te fiz sorrir...uma optima semana para ti...

Não encontro o teu mail no teu profile...mas quando quiseres: feel free para usar o meu ;)


PS: escrevi neste post, porque foi este que me despertou para existência deste blog, nomeadamente foi este que me acordou para a diferença deste blog em relação aos milhares que habitam na blogoesfera, porque este foi escrito a pensar em mim…apesar de não saberes, porque foi este que mostrou como eu também vejo as relações, e porque foi este que me ajudou a tomar decisões importantes e marcantes na minha vida nesse momento…